quinta-feira, 10 de março de 2011

Pepe Escobar: “No-fly”na Líbia não decolará

Texto retirado do site: viomundo.com.br
Tradução do Coletivo da Vila Vudu

Ninguém sobrevive 41 anos no poder, sem aprender um ou dois truquezinhos de geopolítica. Raposa velha e sabida, o rei dos reis africanos Muammar Gaddafi parece ter estudado atentamente o tabuleiro de xadrez. E chegou a conclusão absolutamente definitiva: a tal zona no-fly [zona aérea de exclusão] não decola – invadirem a Líbia, então, é nunca! – do Conselho de Segurança da ONU.

Como se leu ontem no Asia Times Online (em português, no blog Castorphoto, “Brasil-Índia-África do Sul já viram que a revolta árabe obriga a remodelar a ordem mundial”, em http://redecastorphoto.blogspot.com/2011/03/brasil-india-africa-do-sul-ja-viram-que.html), três países do grupo BRICS de emergentes – Brasil, Índia e África do Sul – já trataram de torpedear totalmente a opção “zona aérea de exclusão”. Os três são membros não permanentes do Conselho de Segurança. E os outros dois BRICSs – Rússia e China – são membros permanentes. Já há algum tempo, os BRICS têm coordenado suas decisões cruciais. No plano do ministério de Relações Exteriores, a Rússia, semana passada, já detonara a ideia da no-fly zone; e a China fez o mesmo, essa semana. Não bastasse, há também o Líbano – mais um membro não permanente do Conselho de Segurança. Com isso, são seis votos “não”. Que ninguém se engane: Gaddafi tem pedras na manga.

De fato, nem o governo do presidente Barack Obama está explicitamente apoiando a opção “zona aérea de exclusão”. O chefe do Pentágono Robert Gates – mesmo contando com dois porta-aviões e 175 aviões da 6ª Frota dos EUA atracada em Nápoles, Itália – já disse, claramente, que o assunto é sério e que significa guerra, quer dizer, todos os riscos imagináveis de escalada plus todas as consequências não desejadas (lembrem da Bósnia).

Os que apoiam a zona aérea de exclusão formam catálogo bem pouco confiável: as ex-potências coloniais africanas França e Grã-Bretanha; os neoconservadores nos EUA; e os seis países membros do Conselho de Cooperação do Golfo [orig. Gulf Cooperation Council (GCC)] – entre os quais o Bahrain (que já usou repressão letal contra manifestantes de oposição), a Arábia Saudita (que provavelmente fará a mesma coisa amanhã, nas manifestações marcadas pra o “Dia de Fúria” também por lá), Omã (que também provavelmente também fará, se os protestos continuarem) e o Qatar (cujas manifestações não estão sendo adequadamente divulgadas pela rede Al-Jazeera, mas cujo povo tem as mesmas aspirações democráticas que se veem nas ruas dos demais países membros do GCC).

Ekmeleddin Ihsanoglu, secretário-geral da Organização da Conferência Islâmica [orig. Organization of the Islamic Conference (OIC)], que reúne 57 países, também apoia a zona aérea de exclusão (mas a OIC ainda não tem posição oficial). O mesmo vale para a desfibrada e desdentada Liga Árabe; o GCC convocou reunião para discutir o tema. Quanto à União Europeia [orig. European Union (EU)], até o final da semana talvez tenham alguma posição firmada, mas não aposte nisso o seu filé & fritas.

Até os movimentos da parte leste, libertada, da Líbia, estão confusos. Uns líderes do governo provisório em Benghazi querem, outros não (e boa massa de rebeldes). Não há qualquer indício de que o governo de Obama esteja sequer tentando, pelo menos, informalmente que seja, pesquisar as opiniões dos que estão lutando (e morrendo) nos combates, nem em inglês nem em árabe.

Fale com a cadeira (o homem é surdo)

Enquanto isso, Gaddafi joga competentemente com o coringa al-Qaeda – do tipo “sem mim, o ocidente logo enfrentará a linha de montagem do califato islâmico, fazendo jorrar milhares de jihadistas para o outro lado do Mediterrâneo”. O pessoal que compra a retórica que Gaddafi vende é, claro, a extrema-direita e os fanáticos criptofascistas nos EUA e também em Israel. Dos islamófobos na Alemanha e Escandinávia, à nova queridinha da política francesa Marine Le Pen – filha que faz o gênero “comigo-é-sem-conversa-mole” do fundador da Frente Nacional, Jean Marie Le Pen –, todos, em silêncio, festejarão a brilhante esperteza geoestratégica do Bom Coronel Gaddafi.

Gaddafi jogou outra jogada esperta: mandou um enviado conversar com o Conselho Supremo do Exército Egípcio. A mensagem é clara: a tribo Awlad Ali – que controla a cidade de Salloum, no lado egípcio da fronteira com a Líbia – está fornecendo de tudo, comida e armas, aos rebeldes do leste liberado da Líbia. Gaddafi quer que suspendam o fornecimento. Gaddafi jogou. Não sabe, mas logo saberá, o que pensam os egípcios do exército-da-transição – e Omar “al-Tortura” Suleiman desapareceu das telas de televisão.
Quem assista à cobertura pela rede al-Jazeera já sabe que os rebeldes são jovens esfarrapados e desorganizados e desempregados, todos comprometidos e engajados com muita paixão e coragem mas nenhum planejamento tático/estratégico, no que o Guardian de Londres bem descreveu como “drive-in war” [aproximadamente, “venha-e-entre-na-guerra” (NTs)]. Muitos desses jovens são da tribo Zintan.

Por tudo isso, não surpreende que a fala de Gaddafi pela televisão, na madrugada da 4ª-feira, tenha sido dirigida a um público jovem de Zintan (nem havia muitos, nem pareciam muito interessados). O núcleo da retórica de Gaddafi é que todas as notícias que chegam da Líbia libertada trazem marcas da terminologia típica da al-Qaeda; e falou longamente sobre um Líbia unida e o povo, que deseja democracia.

Argumento-chave dos que defendem a implantação na Líbia de uma zona aérea de exclusão, é que se “nós” – o ocidente civilizado – não interviermos na Líbia, o país decairá até o caos que se vê na Somália. Portanto, é útil sabem o que de fato está acontecendo na Somália.

A Somália é crucialmente estratégica, em frente ao Iêmen, no Golfo de Aden, praticamente vizinho de porta dos países do GCC. Todos e mais alguém intervêm na Somália – da al-Qaeda à Etiópia, do Sudão às ‘organizações de caridade’ com base nos países do GCC.

A União Africana [ing. African Union (AU)] assustou-se de verdade ante o perigo de Líbia e Egito suspenderem o financiamento de suas operações: por isso, os 8 mil ditos ‘pacificadores’ da AU (do Burungi e de Uganda) atacaram a al-Shabaab, uma coalizão somaliana apoiada por uma ala de jihadistas ligados a Osama bin Laden que controla boa parte do centro e sul da Somália, inclusive áreas chaves da capital Mogadishu.

Ninguém sabe como acabará esse negócio de soldados ‘de paz’ apoiados pela ONU atacarem uma milícia islâmica. Mas Gaddafi com certeza usará qualquer coisa que aconteça como moeda para barganhar com a AU: alguma coisa como “se querem ver a cor do meu dinheiro e da minha ajuda, nem pensem em apoiar alguma zona no-fly”.

Eis como o rei dos reis da África interpreta o que se lê nas paredes da ONU: a zona aérea de exclusão, mesmo que venha a ser aprovada, será inócua – porque Gaddafi tem helicópteros armados com metralhadoras, tanques e poder de fogo superior. Gaddafi sabe que contingentes que venham para implantar a zona de exclusão aérea não podem invadir a Líbia – porque, se invadirem, o próprio Gaddafi se encarregará de demonstrar que, depois do Afeganistão e do Iraque, é a vez da Líbia ser destruída pela cruzada do homem branco que quer destruir o Islã (e roubar o petróleo local).

Se a Arábia Saudita armar os rebeldes – como armou, nos anos 1980s, os “combatentes da liberdade” afegãos –, as armas podem ser capturadas pelo pessoal da al-Qaeda infiltrado em todos os grupos, e Gaddafi vence a guerra pela opinião pública. A CIA sempre pode subornar um dos generais de Gaddafi – ou, mesmo, um dos filhos dele. Afinal, o filho Mutassim já tentou um golpe para derrubar o pai. E alguém sempre pode recorrer à proverbial bala na nuca. Em todos esses casos, só Alá, para saber que tipo de doido substituirá Gaddafi.

Não surpreende que o rei dos reis mostre-se tão relaxado e à vontade em suas vestes reais castanho-douradas. No que lhe diga respeito, é só questão de tempo e o jogo (encharcado em sangue) está ganho.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Entrevista Com o criador de WikiLeaks

Aqui neste link uma entrevista com o criador do WikiLeakes Julian Assenge.

a data da entrevista é de julho de 2010.

Wikleaks / Diplomacia / 2 fase da UNESP?

Talvez, por importância no momento, seja importante voces saberem sobre a crise diplomática mundial desencadeada pelo site Wikileaks.

Talvez, eventualmente, poder ser que, caia na segunda fase da Unesp. Não custa saber masi sobre o assunto.

Abaixo, um texto do criador de Wikileaks sobre a perseguição sofrida principalmente pelos EUA, que são os principais alvos dos telegramas vazados.

O texto foi extraído desse link.

Julian Assange: A verdade ganhará sempre
7/12/2010

A WikiLeaks cunhou um novo tipo do jornalismo: o jornalismo científico. Trabalhamos com outros serviços informativos para trazer as notícias às pessoas, mas também para provar que é verdade. Por Julian Assange, publicado no The Australian

por Julian Assange, no The Australian, via Esquerda.net
Traduzido por Paula Sequeiros para o Esquerda.net*

Em 1958 o jovem Rupert Murdoch, então proprietário e editor de The News de Adelaide, escreveu: “na corrida entre segredo e verdade, parece inevitável que a verdade ganhe sempre”.

A sua observação talvez reflectisse a revelação do seu pai, Keith Murdoch, de que as tropas australianas estavam a ser sacrificadas desnecessariamente nas costas de Gallipoli por comandantes britânicos incompetentes. Os britânicos tentaram calá-lo, mas Keith Murdoch não se deixou silenciar e os seus esforços levaram ao fim da campanha desastrosa de Gallipoli.

Quase um século depois, a WikiLeaks está também a publicar destemidamente factos que precisam de ser publicados.

Cresci numa cidade rural de Queensland, onde as pessoas diziam o que lhes ia na alma de forma franca. Desconfiavam dum governo grande, como algo que pode ser corrompido se não for vigiado cuidadosamente. Os dias negros da corrupção no governo de Queensland, antes do inquérito Fitzgerald, são testemunho do que acontece quando os políticos amordaçam os meios de comunicação para não informarem a verdade.

Essas coisas calaram-me fundo. A WikiLeaks foi criada em torno desses valores centrais. A ideia, concebida na Austrália, era usar tecnologias Internet em novas formas de informar a verdade.

A WikiLeaks cunhou um novo tipo do jornalismo: o jornalismo científico. Trabalhamos com outros serviços informativos para trazer as notícias às pessoas, mas também para provar que é verdade. O jornalismo científico permite-nos ler uma história nas notícias, a seguir clicar online para ver o documento original em que é baseada. Dessa forma podemos ajuizar por nós mesmos: a história é verdadeira? O jornalista informou-nos com precisão?

As sociedades democráticas precisam de meios de comunicação fortes e a WikiLeaks é uma parte desses meios. Os meios de comunicação ajudam a que o governo se mantenha honesto. A WikiLeaks revelou algumas verdades difíceis sobre as guerras do Iraque e do Afeganistão e sobre histórias incompletas da corrupção corporativa.

Houve quem dissesse que sou anti-guerra: para que conste, não sou. Às vezes as nações têm de ir à guerra, e há guerras justas. Mas não há nada mais errado do que um governo mentir ao seu povo sobre essas guerras e depois pedir a esses mesmos cidadãos e cidadãs que arrisquem as suas vidas e os seus impostos com essas mentiras. Se uma guerra for justificada, então digam a verdade e as pessoas decidirão se a apoiam.

Se você tiver lido alguns dos diários de guerra do Afeganistão ou do Iraque, algum dos telegramas da embaixada dos Estados Unidos ou alguma das histórias sobre as coisas que a WikiLeaks reportou, pondere como é importante para todos os meios de comunicação serem capazes de informar estas coisas livremente.

A WikiLeaks não é o único editor dos telegramas da embaixada dos Estados Unidos. Outros serviços informativos, incluindo o britânico The Guardian, o The New York Times, o El Pais em Espanha e a Der Spiegel da Alemanha publicaram os mesmos telegramas editados.

Mas é a WikiLeaks, como coordenador desses outros grupos, que apanhou com os ataques e acusações mais maldosos do governo dos Estados Unidos e dos seus acólitos. Fui acusado de traição, embora seja australiano, não um cidadão dos EUA. Houve dúzias de apelos graves nos EUA para que eu fosse “retirado” por forças especiais dos Estados Unidos. Sarah Palin diz que devo ser “acossado como Osama bin Laden”, um projecto de lei republicano apresenta-se ao Senado dos Estados Unidos tentando que me declarem “uma ameaça transnacional” e se desembaracem de mim consequentemente. Um conselheiro do gabinete do Primeiro-Ministro canadiano apelou à televisão nacional para que eu fosse assassinado. Um blogger americano pediu que o meu filho de 20 anos, aqui na Austrália, fosse raptado e mal-tratado por mais nenhuma razão senão para apanharem-me.

E os australianos devem observar sem qualquer orgulho a alcoviteirice ignominiosa desses sentimentos pela Primeira-Ministra Gillard e pela Secretária de Estado dos Estados Unidos Hillary Clinton, que não tiveram uma palavra de crítica para com os outros meios de comunicação. Isto acontece porque o The Guardian, o The New York Times e a Der Spiegel são antigos e grandes, enquanto a WikiLeaks é ainda jovem e pequena.

Somos os da mó de baixo. O governo de Gillard está a tentar matar o mensageiro porque não quer a verdade revelada, incluindo a informação dos seu próprios feitos diplomáticos e políticos.

Houve alguma resposta do governo australiano às numerosas ameaças públicas de violência contra mim e outro pessoal da WikiLeaks? Poder-se-ia ter pensado que um primeiro-ministro australiano iria defendendo os seus cidadãos contra tais coisas, mas houve apenas reclamações não inteiramente genuínas de ilegalidade. Da Primeira-Ministra, e especialmente do Procurador-Geral, espera-se que tratem os seus deveres com dignidade e acima das querelas. Fiquem descansados, esses dois vão tratar de salvar a sua própria pele. Não o farão.

Sempre que a WikiLeaks publica a verdade sobre abusos cometidos por agências dos Estados Unidos, os políticos australianos entoam um coro provavelmente falso com o Departamento de Estado: “Vai arriscar vidas! Segurança nacional! Vai pôr as tropas em perigo!” Depois dizem que não há nada importante no que a WikiLeaks publica. Não podem ser verdade ambas as coisas. Qual delas é?

Não é nenhuma. A WikiLeaks tem uma história de publicação com quatro anos. Durante esse tempo mudámos governos inteiros, mas nem uma pessoa, que se saiba, foi mal-tratada. Mas os EUA, com a conivência do governo australiano, mataram milhares só nestes últimos meses.

O Secretário da Defesa dos Estados Unidos Robert Gates admitiu numa carta ao Congresso dos EUA que nenhuma fonte de informação ou métodos sensíveis tinham ficado comprometidos pela revelação dos diários de guerra afegãos. O Pentágono afirmou que não houve nenhuma prova de que os relatórios da WikiLeaks tinham levado alguém a ser mal-tratado no Afeganistão. A NATO em Cabul disse à CNN que não pôde encontrar nem uma pessoa que precisasse de protecção. O Departamento Australiano de Defesa disse o mesmo. Nenhuma tropa australiana ou fontes foram prejudicadas por nada que tivéssemos publicado.

Mas as nossas publicações estão longe de não ser importantes. Os telegramas diplomáticos dos Estados Unidos revelam alguns factos alarmantes:

– Os EUA pediram aos seus diplomatas que roubassem material humano pessoal e informação a funcionários da ONU e a grupos de direitos humanos, incluindo ADN, impressões digitais, exames de íris, números de cartão de crédito, senhas de Internet e fotos de identificação numa violação de tratados internacionais. Os diplomatas australianos da ONU presumivelmente podem ser visados também.

– O rei Abdullah da Arábia Saudita pediu que os representantes dos Estados Unidos na Jordânia e no Bahrain exigissem que o programa nuclear do Irão fosse detido por qualquer meio disponível.

– O inquérito britânico sobre o Iraque foi ajustado para proteger os “interesses dos Estados Unidos”.

– A Suécia é um membro encoberto da NATO e a partilha de informação de espionagem é escondida do parlamento.

– Os EUA estão a jogar duro para conseguir que outros países recebam detidos libertados da Baía Guantánamo. Barack Obama aceitou encontrar-se com o Presidente Esloveno apenas se a Eslovénia recebesse um preso. Ao nosso vizinho do Pacífico Kiribati foram oferecidos milhões de dólares para aceitar detidos.

Na sentença que se tornou um marco sobre o caso dos Documentos do Pentágono, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos disse que “só uma imprensa livre e sem restrições pode expor eficazmente as fraudes do governo”. A tempestade que gira hoje em volta da WikiLeaks reforça a necessidade de defender o direito de todos os meios de comunicação a revelar a verdade.

Julian Assange é redactor-chefe da WikiLeaks.

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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Meritocracia? Desde que todos saiam do mesmo patamar de educação!

Este texto abaixo sitetiza de forma de polêmica, é verdade, alguns pontos sobre o ENEM. Não se deixem desanimar pois é isso mesmo que eles querem. Vestibulares pragmáticos, csem criticidade e necessidade de vivência. Coisa que o ENEM exije.

Leiam até o fim. vale a pena.

Extraído daqui


O Estadão de hoje dedica a capa e duas páginas – A15 e A16 a desmoralizar o ENEM.

Uma desmoralização arrasadora.

É porque 0,04% dos alunos VOLUNTARIAMENTE inscritos na prova talvez venham a refazê-la, por causa de uma troca do cabeçalho de alguns cartões de resposta.

0,04% !

Que horror!

Foram 4,6 milhões estudantes inscritos e talvez 2 mil tenham a possibilidade de refazer a prova.
Ontem, o UOL e a Folhaonline bradaram o dia inteiro contra a “inépcia” do ENEM.
A Folha (**), se entende.
Ano passado, as provas vazaram da gráfica da Folha, que foi devidamente afastada da concorrência deste ano.
O Estadão se acha na obrigação, todo ano, de desmoralizar o ENEM.
Como fez no ano passado, com a divulgação do vazamento.
Por que o Estadão, a Folha (**) e o Serra são contra o ENEM ?
Ano passado, com o vazamento na gráfica da Folha, o Serra, célere, tirou as universidades de São Paulo do ENEM – para acentuar o “fracasso” do Governo Lula.
Qual é o problema deles com o ENEM ?
O Governo Fernando Henrique instituiu o ENEM para copiar o SAT americano: o vestibular único em todo o país, para facilitar o acesso às universidades federais e o deslocamento de estudantes pelo país afora.
O que tem a vantagem de baratear dramaticamente o sistema.
Antes – como em São Paulo, hoje – cada “coronel” faz o seu vestibular e estimula a iniciativa privada – com os serviços do vestibular e os cursinhos o Di Gênio.
De Fernando Henrique para cá, o ENEM cresceu 30 vezes !
30 vezes, amigo navegante.
Saiu de 157 mil inscritos em 98 para 4,6 milhões de hoje.
É sempre assim.
O Bolsa Família da D. Ruth atendia quatro famílias.
O do Lula, que virou “Bolsa Esmola”, segundo Mônica Serra, a grande estadista chileno-paulista, atende 40 milhões.
O que é o ENEM ?
É o passaporte do pobre à universidade pública.
É por isso que a Folha, o Estado e o Serra odeiam o ENNEM.
Porque esse negócio de pobre estudar é um problema.
Fica com mania de grandeza, de autonomia.
Pensa que pode mandar no seu destino.
E não acredita mais na fita adesiva do “perito” Molina.
Isso é um perigo.
Pobre é para ficar na senzala.
50 universidades públicas federais aderiram ao ENEM.
Isso significa que 47 mil vagas em universidades federais dependem do resultado do ENEM.
Em 2004, um milhão de estudantes se inscreveu no ENEM.

Aí, o Lula e o Ministro Haddad resolveram estabelecer o ENEM como critério para entrar no ProUni (para a elite branca – e separatista, no caso de São Paulo – não dizer que o ProUni é a “faculdade de pobre burro”).
Sabe o que aconteceu, amigo navegante ?
O ENEM passou de um ano para o outro de um milhão para 2,9 milhões de inscritos.
Quanto pobre !
Para o ano que vem, o ministro Haddad estabeleceu que o ENEM também será critério para receber financiamento do FIES.
Vai ser outro horror !
Mais pobre inscrito no ENEM para pagar a faculdade com financiamento público.
Um horror !
Tudo público.
ENEM, faculdade, financiamento …
“Público” quer dizer “de todos”.
Amigo navegante, sabe qual foi o contingente nacional que mais cresceu entre os inscritos no ENEM ?
Agora é que a elite branca – e separatista, no caso de São Paulo – vai se estrebuchar.
Foi o Nordeste !
Que horror !
Já imaginou, amigo navegante ?
Nordestino pobre com diploma de engenheiro ?
Nordestina pobre com diploma de médica ?
Vai faltar pedreiro.
Empregada doméstica.
Aí é que a elite branca – e separatista, no caso de São Paulo – vai se estrebuchar mesmo.


Paulo Henrique Amorim

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Mais do Pré-sal - Mais de ENEM

do viomundo

Agora é política sobre o pré-sal.....

leiam antes de sábado


4 de novembro de 2010 às 14:15
Fernando Siqueira: Chegou a hora de defender o pré-sal
PRÉ-SAL: É HORA DE RETOMAR A DISCUSSÃO

por Fernando Siqueira, no site da Associação dos Engenheiros da Petrobras

Passada a turbulência das eleições e reforçada a democracia, é hora de retomarmos a discussão sobre o pré-sal. Lembrando que a pressão contra a mudança da Lei 9578/97, péssima para o País, adiou a aprovação do projeto de partilha para depois das eleições. Que pressão é esta e de onde vem? Ela vem dos países desenvolvidos que não tem petróleo e calcaram as suas economias nesse produto, cada vez mais escasso e mais estratégico. Assim EUA, Europa e Ásia estão numa enorme insegurança energética. O Cartel internacional está na mesma situação. Já dominou 90% das reservas mundiais e hoje tem menos de 5%. O pré-sal é uma questão de sobrevivência para todos eles.

Outro fato importante é que os analistas sérios e independentes afirmam que estamos vivenciando o terceiro e irreversível choque mundial do petróleo: atingimos o pico de produção mundial e daqui para frente a oferta irá cair de forma drástica e irreversível.

Isto significa o recrudescimento da luta por petróleo, gerando preocupante aumento do preço do barril. Há possibilidade, inclusive, de mais um conflito mundial.

O pré-sal dá ao Brasil a possibilidade de ficar numa posição confortável. Ele pode durar mais de 40 anos proporcionando a auto-suficiência. Mas é preciso mudar a Lei 9478/97, herança de FHC, que entrega 100% do petróleo a quem produzir e esse produtor paga alguma coisa à União somente a partir da produção diária de 90.000 barris por dia, mas paga, no máximo, 20% da produção, em dinheiro, ficando com todo o petróleo.

O Governo Lula, quando soube pelos diretores da Petrobras da magnitude da descoberta do pré-sal, corretamente retirou 41 blocos do 9º leilão e criou Grupo de Trabalho para reestudar a legislação. Esse grupo, durante um ano e meio estudou várias alternativas e apresentou quatro propostas de Projeto de Lei para a questão petróleo: 1) Fundo Social;
2) Capitalização da Petrobrás; 3) Criação da estatal Pré-sal Petróleo e 4) Mudança do contrato de Concessão para contrato de Partilha de Produção.

O mais importante deles é o 4º PL, porque muda o contrato de Concessão previsto na Lei 9478/97, artigo 26, para Partilha de produção. No primeiro, 100% da produção fica com o produtor. Na partilha, proposta do Governo Lula, o petróleo é da União e ela remunera os custos de produção em petróleo. Fizemos algumas simulações, partindo de algumas premissas como o custo de produção estimado em US$ 30 por barril e o preço do petróleo a US$ 70/barril. Sob estas premissas concluímos: na legislação vigente o Consórcio fica 100% do petróleo e paga, em dinheiro, à União, no máximo 18,8% da produção total (o percentual varia com o volume produzido. Até 90.000 nada é pago); com o PL 5938, proposto pelo Governo, cabem à União cerca de 60% da produção, em petróleo. Outro avanço do PL do Governo é que a Petrobrás será a produtora de todos os campos, o que garante a compra de equipamentos, serviços e geração de empregos de qualidade, além de desenvolver tecnologia de ponta no País.

O andamento das discussões transcorria com relativa tranqüilidade. Desconfiamos do fato do lobista cartel internacional, incrustado no IBP, ter feito oito audiências publicas no Congresso: seis no Senado e duas na Câmara. Cada audiência pública continha cinco mesas de debate; cada mesa, dois lobistas de peso. Onde estaria o resultado disto? Não foi preciso procurar muito. Examinando o substitutivo do relator Henrique Alves, vimos

O resultado: ele introduziu uma emenda que eleva os royalties para 15% e os devolve ao consórcio produtor. Ela transformaria o Brasil num imenso paraíso fiscal tornando o nosso contrato de partilha o pior do mundo. Mais grave: a participação da União na produção cai de 60% para 29%. Ou seja, o relator estuprou o projeto do Governo.

Quando o projeto chegou ao Senado, alertamos os senadores Pedro Simon e Renan Calheiros dessa anomalia. O Senador Simon fez um discurso inflamado de revolta no Senado. E, com o senador Renan, a nosso pedido, levou a informação ao presidente Lula. O senador Renan prometeu derrubar essa maldita emenda Henrique Alves.

No dia da votação no Senado, falamos com Renan e ele disse que não estava mais no controle da questão e que a decisão estava com o Senado Romero Jucá. Falamos então com o Senador: `Fique tranqüilo, disse Jucá; a emenda Ibsen e a emenda Henrique Alves estão suspensas. Elas serão votadas depois das eleições`. Com certo alivio, mas desconfiado, fomos ver o substitutivo do senador. A devolução dos royalties estava lá, Camuflada em 4 artigos. Portanto, o espírito da emenda Henrique Alves continuava.

Falamos com a assessoria do senador Simon, e, com a ajuda do deputado Ibsen eles redigiram uma emenda para neutralizar os contrabandos de Jucá. Assim, o artigo 64 do substitutivo do senador Jucá, introduzido pelo senado Simon, procura neutralizar o produto do lobby do cartel do IBP, proibindo qualquer devolução de royalty. E faz um acréscimo para neutralizar os efeitos da emenda Ibsen contra o Rio de Janeiro: já que a emenda Simon evita que a União dê de presente R$ 54 bilhões por ano para o consórcio (fruto da emenda Henrique Alves/Jucá), a união pode ressarcir o Rio e demais estados produtores dos R$ 6 bilhões que eles perdem devido à emenda Ibsen.

Finalmente, fizemos mais uma proposta para os parlamentares: mudar a Lei Kandir que isenta o petróleo do imposto de exportação. Não tem o menor sentido esse incentivo, pois o petróleo é um produto que o mundo inteiro quer e dele necessita. Logo, não é necessário incentivar sua exportação. Propusemos a extinção desse incentivo através de um projeto de Lei. Com isto, o Rio de Janeiro ganhará cerca de US$ 7 bilhões a mais.

É hora de mobilização. Quando o petróleo era apenas um sonho, foi feito o movimento `o petróleo é nosso`, o maior movimento cívico da história do nosso País. Agora que o petróleo é uma realidade que supera todas as expectativas, é hora de retomar essa mobi-lização, pois estão em jogo reservas superiores a 100 bilhões de barris, um Iraque na América Latina. É a maior chance que o Brasil já teve para deixar de ser o eterno pais do futuro e se tornar o país do agora. Com saúde, educação, empregos de qualidade, segurança, eliminando a triste condição de país mais rico e viável do planeta e ter um vergonhoso contingente de 50 milhões de miseráveis, além do terceiro pior índice de desigualdade do mundo. O PRÉ-SAL TEM QUE SER NOSSO PARA A REDENÇÃO ECONÔMICA E SOCIAL DO BRASIL.

Fernando Siqueira
Presidente da Aepet e vice do Clube de Engenharia

Mais ENEM - A questão da soberania territorial para o pré-sal.

De novo do viomundo.com.br via Vermelho

4 de novembro de 2010 às 15:26
Jobim: Brasil não aceita soberania “compartilhada” do Atlântico Sul
4 de Novembro de 2010 – 9h16

Jobim defende soberania da América do Sul e critica Otan e EUA

do Vermelho

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, criticou veementemente as estratégias militares globais dos EUA e da Otan — aliança militar ocidental. Ele afirmou que nem o Brasil nem a América do Sul podem aceitar que “se arvorem” o direito de intervir em “qualquer teatro de operação” sob “os mais variados pretextos”.

Jobim disse que o Brasil não aceita discutir assuntos relativos à soberania do Atlântico enquanto os norte-americanos não aderirem à convenção da ONU sobre o direito do mar, que estabelece regras para exploração de recursos em águas nacionais.

Ele lembrou que os EUA não firmaram a Convenção sobre o Direito do Mar da ONU e, portanto, “não reconhecem o status jurídico de países como o Brasil, que tem 350 milhas de sua plataforma continental sob sua soberania”. “Como poderemos conversar sobre o Atlântico Sul com um país que não reconhece os títulos referidos pela ONU? O Atlântico que se fala lá é o que vai à costa brasileira ou é o que vai até 350 milhas da costa brasileira?”

Também referiu-se a uma “alta autoridade” americana que defendeu “soberanias compartilhadas” no Atlântico. “Não pensamos em nenhum momento em termos de soberanias compartilhadas. Que soberania os Estados Unidos querem compartilhar? Apenas as nossas ou as deles também?”, questionou.

O ministro da Defesa falou na abertura da 7ª Conferência do Forte de Copacabana, promovida pela Fundação Konrad Adenauer, ligada à Democracia Cristã alemã, para criar um “diálogo” entre América do Sul e Europa em segurança.

América do Sul

Ele se disse contrário ainda as alianças militares entre a América do Sul e os Estados Unidos. “Nossa visão é a de que podemos ter relações com os EUA, mas a defesa da América do Sul só quem faz é a América do Sul”. O ministro defendeu que o Brasil não deve se aliar a forças militares que não aceitem o comando de outros exércitos. “Os EUA não participam das forças humanitárias da ONU porque não admitem ser comandados por outros exércitos. Não podemos aceitar esse tipo de assimetria”, declarou.

Papel dominante

Em resposta ao alemão Klaus Naumann, ex-diretor do Comitê Militar da Otan, que disse que a Europa é o “parceiro preferencial” de que os EUA necessitam para manter seu papel dominante no mundo, o ministro disse: “Não seremos parceiros dos EUA para que eles mantenham seu papel no mundo”.

Segundo Jobim, a Europa “não se libertará” de sua dependência dos EUA e por isso tende a sofrer baixa em seu perfil geopolítico. O da América do Sul tenderia a crescer, pelo crescimento econômico e os recursos naturais, água inclusive, de que dispõe em abundância, enquanto escasseiam no mundo.

Energia Nuclear

Na avaliação de Jobim, as relações entre os países signatários do Tratado Sobre a Não-Proliferação de Armas Nucleares também é assimétrica e penaliza aqueles que buscam gerar energia nuclear para fins pacíficos. Para ele, não há problemas no interesse da Venezuela em dominar essa tecnologia. “A Venezuela sentiu o problema da sua base de energia elétrica ser hidrelétrica e teve inclusive que fazer racionamento”, disse. “A Venezuela fez tal qual o Brasil. E nós aplaudimos”, complementou sobre o país vizinho, considerado um problema no continente pelos EUA.

Cuba

As críticas de Jobim aos norte-americanos ainda abordaram a relação do país com Cuba. “Qual foi o resultado do bloqueio a Cuba? Produziram um país orgulhoso, pobre e com ódio dos EUA”, disse.

Para o ministro, os riscos à segurança da América do Sul e os conflitos do futuro estarão relacionados à água, minerais e alimentos. “Isso a América do Sul tem. Temos aqui o aquífero Guarani, a Amazônia, somos os maiores produtores de grãos e de proteína animal do mundo”, enumerou. “Temos que nos preparar para isso”, advertiu sobre possíveis ameaças futuras.

As declarações do ministro Jobim ratificam no terreno da defesa, os traços determinantes da política externa brasileira. O Brasil optou pelo caminho do exercício da sua soberania, da integração regional e do anti-hegemonismo estadunidense. O pronunciamento reveste-se de grande atualidade, porquanto a Otan, pacto militar agressivo sob a hegemonia norte-americana se reunirá ainda este mês em Lisboa, para definir o novo conceito estratégico. Entre outros pontos, na pauta da cúpula da Otan estão a expansão do raio de ação, com foco para todas as regiões do mundo, incluindo o Atlântico Sul.

Assunto que eu cobraria em um ENEM

Deu no Viomundo.com.br

3 de novembro de 2010 às 23:35
NY Times: China, Índia e Brasil na condução da economia global
Shift in Washington Stirs Economic Jitters Abroad (Mudança em Washington causa ansiedade econômica no Exterior)

By LIZ ALDERMAN, no New York Times

November 3, 2010

Enquanto os republicanos se preparam para usar sua nova autoridade no Congresso, os parceiros comerciais dos Estados Unidos se preocupam com a possibilidade de que a mudança política em Washington possa trazer novos desafios à economia global.

Apesar das promessas de cortar gastos do governo e o grande déficit orçamentário dos Estados Unidos, espera-se que os republicanos enfrentem a ansiedade com o desemprego e o crescimento econômico tíbio tentando estender os cortes de impostos aprovados durante a presidência de George W. Bush — uma medida que acrescentaria ao déficit e, por extensão, enfraqueceria ainda mais o dólar.

“O resto do mundo, incluindo a Ásia, está de olho nos Estados Unidos e não vê medidas reais de política econômica que possam trazer a economia de volta aos trilhos”, disse Bart van Ark, economista-chefe do Conference Board, que mede os indicadores econômicos dos Estados Unidos. “Isso faz com que os Estados Unidos percam legitimidade na comunidade econômica global como um líder capaz de oferecer soluções”.

Manter os impostos nas taxas relativamente baixas de hoje poderia ajudar a aumentar os gastos do consumidor nos Estados Unidos, enquanto um dólar mais fraco tornaria mais competitivas as exportações dos Estados Unidos. Mas analistas dizem que esses ajustes seriam apenas temporários e provavelmente não reverteriam o decrescente poder econômico dos Estados Unidos, no momento em que os mercados emergentes — liderados pela China, Índia e Brasil — superam as nações industriais na condução do crescimento global.

Um dólar mais fraco, ao tornar as exportações europeias mais caras, pode também acabar com as tentativas de recuperação baseadas em exportação de países europeus como o Reino Unido, a Grécia e a Irlanda, que adotaram duras medidas de austeridade para controlar dívida excessiva.

Depois que o governo Obama conseguiu aprovar mudanças no sistema de saúde e no sistema financeiro, os eleitores deram o sinal de que querem reduções nos gastos federais. O deputado John A. Boehner, de Ohio, republicano que deverá ser o novo líder da Câmara, reiterou a promessa de que depois das eleições pretende reduzir o tamanho do governo, criar empregos e mudar o funcionamento do Congresso.

Não é fácil. Os eleitores também querem manter seus direitos adquiridos e esperam que os republicanos revertam cortes no programa Medicare [que atende a terceira idade] e que possam estender os cortes de impostos de Bush que vão expirar no fim deste ano.

Essas medidas, se aprovadas, tornariam ainda mais difícil — não mais fácil — aos republicanos manter seus compromissos de controlar a dívida nacional e o déficit do orçamento. Da perspectiva de quem está fora dos Estados Unidos, “as promessas republicanas de probidade fiscal são difíceis de acreditar”, disse Simon Tilford, o economista-chefe do Centro Europeu para Reforma Econômica em Londres. “O que eles estão pregando provavelmente vai aumentar o déficit em vez da redução dramática que eles dizem pretender”.

Há também o risco de o Congresso, dividido entre uma Câmara controlada pelos republicanos e uma maioria frágil dos democratas no Senado, ficar paralisado. Isso deixaria a tarefa de apoiar uma recuperação econômica dos Estados Unidos inteiramente por conta do Banco Central.

O Banco Central demonstrou preocupação na quarta-feira com uma recuperação “lenta” e uma inflação baixa ao anunciar planos para comprar 600 bilhões de dólares em bônus do Tesouro, um processo conhecido como quantitative easing, que visa estimular o crescimento econômico e reduzir o desemprego. Esta medida com certeza vai enfraquecer o dólar, mas a habilidade dela de estimular uma recuperação ainda tem de ser provada.

Também não está claro quanto um Congresso fraco mas ainda controlado pelos democratas pode fazer antes que um líder dos republicanos assuma o comando da Câmara. Mas a pressão agora está sob o governo Obama para fazer um acordo em torno dos impostos até o fim do ano — ainda que não haja consenso sobre onde cortar os gastos, dizem analistas.

Além disso, se os atuais níveis de impostos para os mais ricos forem mantidos, assim como os cortes para contribuintes de classe média para os próximos anos, a ação poderia acrescentar de um a dois pontos percentuais no déficit em relação ao conjunto da atividade econômica, de acordo com Klaus Günter Deutsch, um economista sênior do Deutsche Bank Research em Berlim.

Se Washington acabar aumentando o déficit, em vez de reduzí-lo, um dos resultados seria o enfraquecimento ainda maior do dólar contra o euro, a libra e outras moedas.

O dólar já perdeu mais de 15% de seu valor em relação ao euro desde junho por conta das preocupações com a situação fiscal federal e na expectativa de que o Banco Central anunciaria novas medidas na quarta-feira para colocar mais dinheiro na economia enfraquecida.

Em época de pleno emprego, um déficit maior pode ser enfrentado por uma política monetária mais dura e taxas de juros maiores, disse C. Fred Bergsten, diretor do Instituto Peterson de Economia Internacional em Washington. “Mas agora, com os juros próximos de zero e o Banco Central embarcando em uma nova expansão quantitativa, isso significa um déficit maior e um dólar mais fraco, e essas questões causam os maiores alarmes no exterior, especialmente entre europeus”.

Mesmo que o dólar continue a enfraquecer, ajudando os exportadores americanos, a maioria dos especialistas em política e economia esperam que os legisladores dos dois partidos mantenham a pressão na China para fortalecer a sua moeda. Isso tornaria ainda mais difícil para o governo Obama buscar cooperação com os chineses para que eles mantenham sua moeda alinhada aos fortes fundamentos econômicos do país.

Os industriais americanos faz tempo reclamam que a China está mantendo sua moeda, o renminbi, artificialmente fraca, tornando mais difícil para as exportações americanos competirem no mercado global.

A questão das moedas é parte de uma disputa mais ampla no comércio, disse Kenneth S. Rogoff, um economista de Harvard que foi economista-chefe do Fundo Monetário Internacional.

“Se os chineses cederem um pouco, isso ganharia um bom tempo para discutir as questões comerciais”, ele disse. “Os asiáticos estão extremamente nervosos com a possibilidade de os Estados Unidos taxarem os importados chineses ou de alguma medida agressiva, não apenas porque os republicanos estão assumindo o controle da Câmara, mas porque a economia dos Estados Unidos está muito fraca”.

Até que a poeira assente, no entanto, “imprevisibilidade é a palavra do dia”, o sr. Rogoff afirmou. “Nós temos novas forças poderosas e voláteis”, ele acrescentou. O “resto do mundo vai se preocupar com isso”.

Magic Rock and Roll - somente para os amantes da coisa!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Bom texto extraído do Nassif



Violência virtual, por Cláudio Lembo
Enviado por luisnassif, seg, 25/10/2010 - 15:47

Por Vanda
Nassif, um bom artigo de Lembo, coitado pregando no deserto!!!

Do Terra Magazine

Segunda, 25 de outubro de 2010, 08h02

Violência virtual

Há um modismo na praça. Artificial. Utilizado, porém, por segmento específico do mercado eleitoral. Quando pessoas da classe média consolidada - a velha classe média - se encontram, um tema surge na conversa.

"Campanha violenta, não?" Estas pessoas não saem do interior de suas casas. Consomem, contudo, doses cavalares de emissões televisivas. Envolvem-se emocionalmente com acontecimentos isolados e de nenhuma significação.

São militantes verbais de um conflito que não existe. A atual campanha eleitoral desenvolve-se com normalidade surpreendente. Os candidatos se deslocam pelo imenso território nacional. São recebidos por seus correligionários, em número equivalente ao respectivo grau de simpatia.

Nas ruas, militantes ou contratados exibem bandeiras de seus partidos e candidatos, uns próximos dos outros, entre sorrisos e sadias provocações.

Nada que indique violência. Agressão ou desrespeito.

Na verdade, segmentos remanescentes dos velhos quadros conservadores - reacionários que levaram Vargas ao suicídio - utilizam-se da tática do terror verbal para anunciar anormalidades que não existem.

É louvável e salutar o comportamento dos eleitores, em todas as oportunidades. Portam-se com dignidade e recato cívico exemplares. Não usam insígnias ou quaisquer indicativos de opção partidária.

Reservam-se para registrar suas opções pessoas na urna eletrônica. Quem viveu outras épocas e outras situações, conheceu violência contra a militância política.

Nem sempre de natureza física, mas sempre presente a coação moral representada pelos órgãos de repressão de ditaduras. O temor das palavras proferidas e suas inevitáveis conseqüências: as perseguições de todas as espécies.

Agora, os candidatos expõem - se assim quiserem - o próprios pensamento ou de suas agremiações partidárias. Ninguém o repreende. Só o eleitorado poderá definir se recebeu bem a mensagem ou a rejeitou.

A onda de histeria, presente em diminutos setores, aponta para uma regressão ao passado, particularmente para os anos cinqüenta e sessenta, quando um ódio de minorias urbanas explodia contra políticos progressistas.

É ingênuo este posicionamento. A sociedade avançou e um eleitorado das dimensões do brasileiro se movimenta com rapidez e busca os candidatos correspondentes às suas necessidades e conquistas.

Sentir medo do novo é próprio do conservadorismo. Nada se mantém estático. Tudo evolui e a sociedade não é diferente. Avança e agrega sempre novos contingentes capazes de pensar e agir livremente.

Nesta campanha, em vários momentos, retornou-se ao passado. Os chamados setores "bem pensantes" foram em busca dos argumentos mais heterodoxos.

Nada abalou a tranqüilidade do eleitorado. A paz esteve presente em todos os movimentos eleitorais. Tudo correu com exemplar regularidade por toda a parte.

Onde, pois, o fundamento para infundados temores? A concepção de artifícios recorda outros tempos, quando cartas falsas derrubavam governos.

Na atualidade, as instituições funcionam com normalidade absoluta. Os encarregados de preservar a soberania agem com respeitabilidade exemplar.

Só alguns, portanto, portadores de velhos hábitos golpistas, agora em desuso pleno, mostram-se amedrontados. Encontrarem violência onde apenas existem episódios próprios de campanhas extensas no tempo.

Os candidatos estão esgotados e o eleitorado já massivamente decidido. Só resta aguardar o próximo domingo. Os agentes verbais de violências inexistentes devem - sem dureza - digitar o número de seu candidato.

O erro de escolha, sim, indicará uma violência contra os próximos quatro anos. O resto é ficção.